terça-feira, 12 de julho de 2011

o dia de aniversário do jorginho, o grande!

os dias 16 de cada mês sao uma merda. isso já todos sabemos. todos nós os recordamos e celebramos, nao como uma dia de alegria, mas porque é teu. deixaste-nos esta herança estranha que religiosamente recordamos. mas nao com bom grado.. simplesmente fizeste-nos uma partida e hoje, nao temos como escapar a essa data. no entanto os dias 12.07. celebramos o teu dia! o dia em que nasceste! e esse dia foi em cheio! a ti nazaré nem deu por ela: estava a dar o TIDE pela rádio e puff.. saíste tu!  nao me recordo do tide (só das lembranças que a mae transmitiu: era um telenovela mexicana pela rádio. claro que nao tinhamos tv. já existia em portugal? nem sei.) mas o tide estava a dar e tu saíste sem dar trabalho nem dores nenhumas! impressionante! nunca tal ouvi de um parto! agora sim, depois de saíres deste muitas dores de cabeça, jorge! a mae só dizia: a única coisa que nao partiu foi a piroca.. porque nao tem osso, senao partias também! raios partam jorge, rilhoto!mas deste também muitas alegrias! a todos que te conheceram! foste em épocas a discórdia dos putos,  foste noutras o coraçao da revoluçao, o burburinho e a inconformidade nos dias de sempre. e assim seguiste durante toda a vida. claro que o que se sente sem ter a ideia do que se sente, sai estrambolicamente.. só mais tarde amadurece ideias e tem contornos explicáveis, nao é?
um aparte: estava antes,há poucos minutos a ver a tv e estava a dar o filme "o clube dos poetas mortos". este filme, um dos melhores de sempre, fala destas coisas: o que se sente sem saber que se sente.. o que está para vir e ainda nao sabemos o que é.. mas temos a noçao que algo está para vir mas ainda nao tem nome nem cara. isso foste tu o dia que nasceste. demasiada energia para um corpo tao franzino. tao frágil. mas de resto o mundo podia derrubar sobre a tua cabeça que nada o poderia fazer ceder. grande jorge!!!!!!!!!

hoje é um dia estranho, irmao. é  a primeira vez que nao te posso telefonar para te dar os parabéns. e isso complica-me a cabeça. anda já há uns dias a ruminar este sentimento que pronto sairia cá para fora. e hoje é o teu aniversário. o teu dia.
sabes que à medida que passa o tempo, mais dificuldade tenho em encaixar esta tua fuga. o teu desaparecimento criou-me, pela primeira vez na minha vida, sensaçoes e emoçoes que me deixam muito preocupada e até céptica com respeito à nossa vida. até há bem pouco tempo para mim a morte estava relacionada com a doença e a velhice. mal ou bem aprendemos a lidar com  a morte com estes contornos. sofremos na mesma, mas parece que encaixamos as coisas e continuamos vivendo, aceitando que a lei de vida é mesmo assim e que nos toca a todos um dia. até ficamos "contentes" por a morte ser rápida e sem dores, para aliviar o nosso sofrimento perante o ser querido que parte. temos que ter sempre uma justificaçao que nos embebede a dor para nao a sentirmos tanto. escusas, só escusas. clao que nao falo de outro tipo de mortes, como a fome, a injustiça e mortes por causas  da natureza. temos a sorte de nao termos por perto este tipo de mortes que mata tanto e tantos por aí fora, nao é?
mas a tua morte fodeu-me! deixou-me completamente desbaratinada e criou-me alguns problemas que hoje me apercebo, sabes. a morte sem "aparente" causa, aquela que aparece porque lhe dá na real gana, aquela morte que nos apanha todos desprevenidos (até a ti) nao me convence.
ficava melhor se soubesse porque partiste tao rápido. sem concretizares uma porrada de planos que estavam em curso. o esforço que fizeste nos últimos anos foram louváveis. disso ninguém tem dúvidas. a genica  que puseste em tudo para venceres, é a tua marca de água. e isso deixaste para nós como uma característica a seguir. e como disse antes, a tua partida  veio-me lembrar que temos que viver a vida a todo vapor.
CARPE DIEM.
porque ninguém sabe quantos segundos, minutos, horas, dias, vai viver e para tal tem que dizer, fazer sentir e amar até â exaustao. tem que deixar a marca de água que deixaste.
jorginho, mano, dá um grande abraço à ti nazaré. ela deve ter um grande orgulho em ti, pois foste um heroí. um filho de primeira, um irmao 5 estrelas e amigo e companheiro de categoria. eu sei do que falo. dá outro beijo ao carlos e diz-lhe que me lembro muito da história da formiguinha que ele me contava quando eu era pequenita. e que fazia lindas fotos.
tenho saudades tuas.
CARPE DIEM