segunda-feira, 25 de novembro de 2013

26.11.13 ano novo, etapa nova

jorginho, aqui estamos, tu e eu em moscovo, partindo para uma nova etapa. quase nem acredito. foram 3 anos intensos em tudo! relembrando o percurso até hoje, posso afirmar que o que não nos mata, fortalece, mas tudo tem um preço! acho que vou perceber um pouco mais tarde, pois ainda estou anestesiada do efeito da liberdade que hoje sinto ao deixar um peso destes 3 anos nas costas. tenho, no entanto muito a agradecer: à família que esteve comigo e me sustentou nas dúvidas e pepinos, aos amigos que me deram, à distância, o necessário para aguentar o frio e valores tão diversos como os que vivi na rússia. aos amigos alemães que me fizeram perceber como essa alemanha que bem conheci nos anos 70 e 80 foi por água abaixo e que me fizeram compreender melhor a situação portuguesa, pois antes disso eu estava demasiado focada na sobrevivência e não via nem entendia um caraças! daí hoje entender como as medidas de austeridade funcionam também na passividade do povo! é dois em um! sinto alívio pelos momentos difíceis mas que os superei, a força que fui buscar não sei aonde para continuar esta longa e eterna caminhada. aos amigos de itália que me deram um refresco na alma e que acreditaram em mim. aos bons amigos que fiz em moscovo e que fizeram o dia a dia mais suportável. mas prontos! c'est fini!  agora começa uma nova etapa. estou contente, mas também preocupada por aquilo que vou ver e que sei que me vai fazer sentir a vergonha que se está a viver no nosso país e por todo o lado, pois o modelo fez copy paste na europa. irei tentar fazer o meu melhor, activar laços e ideias que me irão surgir, espero eu. vou esatr com a lisita que añoro, curtir a família em pleno! fixe! vou visitar os meus amigos, vou visitar a ursel, a isabel saranova, a outra isabel saranova que as duas tanto gostam de ti. e irei visitar a regula! assim que te darei notícias dos teus amigos, vale?  fiça bem, brother. o povo sauda- te  e expressa saudades.  tu, vai dando chispas de alegria quando me lembro de ti. fico sempre com um sorriso nos lábios quando  te lembras de passar pela minha cabeça. a gente agradece a tua permanência e insistência. até já, quando quiseres!

domingo, 15 de setembro de 2013

isabel saranova...






esta coisa do facebook, tem muito que se lhe diga.. já encontrei pessoas, que sem essa ferramenta, seria impossível de as rever! a última surpresa foi mesmo a nossa isabel saranova. eu, como tu sabes, sou uma despistada de meia noite. tenho memória para muitas coisas, para outras sou um desastre! os nomes então... enfim. pois a isabel lá tratou de nos desencantar, e olha, desencantou mesmo!!! eu não me lembrava do seu apelido. era practicamente impossível descobrir. mas fiquei muito, muito feliz de ter tido esse previlégio de, depois de tantíssimos anos, saber que ainda este ano pretendo fazer uma visita a logroño e estar com ela! tenho também muita vontade de ver a sua  mãe - lembro-me tão bem dos seus cozinhados!! el cardo! que maravilla!- e  conhecer também o tomás, que tu conheceste, aliás, tu mantiveste o contacto durante bastante tempo com ela/eles. só há boas recordações a teu respeito, mano, deixas todos de coração grande quando se fala de ti.

aqui vai a conversa com a isabel...

Belinha, han pasado tantos años! Te encontre en fb. Me gustaria saber de vosotros siempre en mi corazon. Un gran abrazo

Ha sido una gran conmoción enterarme de lo de jorge, su risa grande y sonora me llena a la vez de alegria y tristeza de no tenerlo ya. Descubri el blog, y lo lei de cabo a rabo, es precioso bela, un homenaje y a la vez un desahogo para ti. Todo mi cariño te mando. Yo no tengo ese espiritu aventurero de vuestra familia y aqui sigo en logroño, trabajando con discapacitados que me dan lo que los "normales", por nuestro egoismo no somos capaces. Mi madre esta bastante bien, y me va a costar decirselo porque muchas veces se acuerda de jorge y me reprocha lo dejada que soy por no tratar de saber de él. Pero la vida va a un ritmo tan frenetico que no nos da casi respiro. Tomas, mi hijo, tiene ya 21 años, y está, como casi toda la juventud de este pais sin trabajo y sin prespectivas de futuro. Viendo pasar la vida. Bueno , belinha, que alegria, sentirte un poco mas cerca gracias a la tecnologia. Yo estoy un poco pez en esto, pero voy aprendiendo. Un abrazo grande, grande. Nos comunicamos prontito. Milbesos

Hola, bela, ayer estuve en bilbao en el "guggi" (guggenheim) como le llamaba jorge, son tantos los recuerdos de gratos ratos pasados... Ya veo que vas a llorar y no era esa mi intención. Voy a ver si aprendo a colgar fotos y te mando algunas para que pongas en el blog. Acuérdate de que has prometido hacernos una visita, se lo dije a mi madre y se puso muy contenta.


 
aqui tens a nossa isabel e tu com o tomás... estavas mais gordinho, caraças....

 aqui te mando também algumas fotos das gentes que tu adoras. a mãe estará ao teu lado, e estás muito bem acompanhado - vê se instauras aí a revolução por amor de deus, pois por cá a coisa morre de tédio, de passividade! e a ladroagem vende, faz e desfaz deste paraíso para alguns. Jorge, estou completamente desencantada, acredita. não vejo luz ao fundo do túnel. vejo pouca gente a mexer o cú para que algo mude de figura.
meu mano, hoje é o dia não. o teu dia não. estava eu na Alemanha, hoje estou em moscovo. o tempo passa!
fazes-nos falta.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

happy birthday jorge...

Sabes o que me apetecia fazer? uma viagem contigo. uma viagem daquelas que não se planeiam ao pormenor, mas sim na duração. sei lá, 3.. 6 meses. uma daquelas viagens que se vai e se volta diferente. pode ser áfrica. África seria um excelente destino a partilhar contigo. podia ser Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde ( íamos onde estiveste e visitar a tua malta) ou simplesmente outro destino qualquer. Esquecer em primeiro lugar todos os pepinos do dia a dia. Não levar quase nada. Ir sem hotel marcado, nem itenerários já feitos. Íamos e depois víamos, consoante o vento e disposição. E que tal uma viagem musical e gastronómica? acho que condizia connosco. Ou então à procura dos melhores pores do sol, das melhores praias e comunidades. acho que seria tudo isto e muito mais. Falaríamos con todos das aldeias, viviríamos com eles e aprendíamos imenso. longes das grandes povoações, diríamos ao pessoal que na europa não se vive tão bem como eles pensam e que eles com pouco serão capazes de ser mais felizes. queixarnos-ía-mos das grandes mudanças que estamos todos a viver no mundo à custa de meia dúzia que explorou o tutano do povo e nem sequer nos demos verdadeiramente conta. falaríamos da estupidez que foi e é de votar nos partidos políticos. Esses que tanto prometem mas que não representam ninguém, só a eles próprios. Falaríamos que antes de se entrar para a tal da comunidade europeia ( o que é isso?)  tínhamos muito mais soberania e que pouco a pouco nos foram tirando o tapete até perdermos tudo o que as gerações anteriores tanto lutaram e conseguiram. Diríamos o quanto embriaga o dinheiro e o consumo, assim como a tv e os créditos bancários, a publicidade e os cursos fabulosos de marketing e lavagem cerebral. chegaríamos então à conclusão que era melhor, muito melhor, viver sem essa merda toda. simplesmente gozar mais um bocadinho o presente, ter mais calma, e não participar mais nesses esquemas que nos encarceram. Filosofaríamos mais, teríamos mais tempo para ler, olhar, apreciar e participar. E se calhar até ficávamos lá a viver uns tempos. ter tempo e desapego para fazer isso, era muito bom. ah! e ríamos muito!! muito muito!! e as anedotas não parariam até ao amanhecer...

sinto que ando saturada, jorge. detesto rotinas e pensamentos mecanizados. Ando cansada desta vida corre-corre onde não existem minutos ou horas que sobrem, para simplemente os dedicar ao vento. efectivamente o calendário mudou. não se compõe mais de minutos, horas, dias, semanas e por aí em diante. ele agora é feito de blocos de espaços abstractos que de vez em quando te permitem dar uma escapadela cá fora para ver como está o tempo. ver aquele tempo que já pouco existe, que está desbotado, quase um rascunho. e quanto mais lucidez se transparece no nosso espelho, mais sentido faria rasgar esse calendário e compor outro. era o que tu devias ter feito. rasgavas esse maldito calendário que tinhas guardado no bolso e inventavas outro que nunca incluisse um 16.

hoje é o teu aniversário e era contigo que eu brindava à vida, ao início, ao sabor a mar. faríamos hoje a malinha e partiríamos sem destino. onde não houvesse calendários, nem gente apressada em não ter tempo.
onde estás deve de haver tudo isso. calendários zero, pressas nem vê-las e muitos brindes à vida. viagens.. todas as que queres em pensamentos. 

hoje brindo a ti. happy birthday brother!!!  vê-mo-nos quando o calendário se lembrar.

terça-feira, 16 de abril de 2013

eterno és tu!

 
aqui pairas, entre todos, para nos fazeres sentir a importância de ser eterno..

eterno é alguém que aprendeu a generosidade da alma

eterno é quem cumpriu em dar o seu melhor

que viveu para deixar marcas que sobrevivem ao tempo e às circunstâncias

eterno és tu que nos presenteaste com a viva força de seres tu, sempre tu..

único, verdadeiro, com todas as  limitações

que foste superando ao longo desta estadia

e que nos ajudaste a ser seres melhores

invocando sempre a verdade, a justiça, o humor, a lealdade e o ser de bem

acima de tudo, ser um ser de bem que vê para além das suas necessidades

estamos hoje reunidos contigo para o sempre

bela

segunda-feira, 15 de abril de 2013

reunião a 3

 dia 16, como outro dia qualquer, havia encontro marcado na aguda. ou para ver o mar, para deliciar a vista, ou para ir ter com ela.
 o mundo dela que é o teu e o de nós todos, tinha gaivotas à mistura, cheiros de maresia e sal na boca e nos olhos
 as gaivotas seguiam-na pois conheciam os segredos da sua alma e do seu regaço
 os peixes multiplicavam-se perantes gritos  aos deuses e davam de comer a meio mundo

 a força era inevitavelmente desmedida! os olhos possuíam aquela genuinidade transparente

 pedaços de vida que nos foi marcada, pedaços de transplantes no teu coração
a confusão não entendida no tempo real.. a solidão no meio de tanta gente..
 
 tens aí reunião a 3.. que deve ser olhar  e cuidar de muitos... gostaria de espreitar..
são mesmo fragmentos de imagens retidas no tempo da imortalidade, mas que me transportam para pertinho de vocês onde eu não entro mas algo vejo.  dava o cú e dois tostões por te ter por perto e sentir a revolução nos teus olhos. era mesmo isso que me faria mais feliz. mas pronto, ficará para uma outra ocasião. Jorge, dá eternos beijos os teus dois companheiros de viagem, aos 2 do teu sangue e de todos nós. um beijo enorme. manda bitaites... a ver se os ouço!

sábado, 13 de abril de 2013

conversas sem ruido

 muitas vezes dou por mim num monólogo natural, quase automático entre mim, tu e a mãe. é levantar da cama e dou contigo e com ela antes de lavar os dentes. claro que aí mesmo começa a nossa conversa a 3. às vezes é o pedido de forças para suportar o dia, o queixume meu permanente sobre o frio que abomino ou simplesmente para me queixar das notícias que leio sobre o mundo e que me poem doente. outras vezes é para falar português. parece que desaprendo ( será?)  mas despeço-me sempre de  de vocês com um sorriso na cara.


apeteceu-me mandarte recuerdos das tuas amigas .. eras muito bem visto no meio delas, aliás tu não eras bem um amigo, tu eras aquele gajo que elas nem sabiam como dizer-te a admiração que tinham por ti. era tu dares meia volta e exaltavam-se as tuas qualidades de boa pessoa,  coração de ouro, amigo 5 estrelas, inteligente e brincalhão. conclusão ... deixaste aqui várias eternas fãs
 não falando da família, que te respeita e  sente a tua aura permanente no ar. esta foi uma das últimas viagens que fiz e estive com a nossa João. os sorrisos são para ti..
 este deve ser um teu fã e do porto também, já se vê. cada vez que lá vamos comer algo, vens sempre à baila..
e este é o velho dilema.. até quando??

mano, as nossas conversas nunca têm hora marcada, mas marcam passo no meu dia a dia. cada vez menos lágrimas, porém cada vez mais a certeza de que a alma é grande e invencível e que quanto maior for a alma na terra, maior é a alma noutro sítio qualquer que ainda não descobri. isso posso eu afirmar de pés juntos. a lisa diz que já sabe. eu às vezes sim, às vezes nem por isso..
só sei que as nossas conversas sem ruído, terminam sempre com um sorriso na cara. afinal ela deve ter razão.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

a visita ao sítio do costume


jorginho, o outro dia nem te mandei as fotos que tinha aqui para te enviar... ora aqui te mando uma com o maximino, maximino jr, teresa, nazaré, lisa, madela e a aninhas e moi même.. ´foi precisamente o dia que cheguei ao porto em janeiro.foi por poucos dias, mas deu para estar com alguns da família e trocar uns abraços e beijos.
fizemos-te uma visita. como sempre a laura não perde um dia para estar contigo e com a mãe. a lisa agora parece já ter coragem para te visitar. antes dava mil desculpas para não ter que me acompanhar , mas agora parece que amadureceu a ideia de que de nada serve fugir à realidade. e eu fico contente pois aguenta-se muito melhor a realidade quando se assume o que é inevitável. que não há volta a dar. o augusto  está na foto, vê se o encontras ... e está sempre disponível para acompanhar a malta e ser um membro fundamental da família.  mesmo sendo-o, isso não quer dizer nada, certo? há tanta gente que é de uma família e que mais valia que não fosse! e outros que não o são e são imprescindíveis como seres humanos, companheiros,  ombros para qualquer hora e dificuldade. portanto é preciso ter sorte com as escolhas e com as impostas, certo?  mas somos sortudos né jorge? sempre nos vimos rodeados de gente  muito boa!! é verdade.. tanto tu como eu andamos sempre acompanhados com vários anjinhos da guarda nesta aventura terreste. tu já deves estar com montes deles aí na grande conversa. e a mãe deve ser a mãe de todos, com um bocado de jeito... eheheh

 
olha, consegui até tirar uma imagem desse canto que é de ninguém, pois ninguém quer lá estar ou ir. contudo até tem alguma beleza se nos abstrairmos do propósito. para muitos, noutros países, isto é meramente uma passagem para outro nível. como diz o outro: somos seres espirituais, tendo uma experiência humana. é possível. mas custa engolir.
de resto cá andamos jorge, remando contra a maré deste país/europa, indignados, completamente abismados com o rumo que isto está a tomar.  sinceramente, hermano, estamos entregues à bicharada. não quero pensar muito no desfecho, mas sim antes quero pensar que tudo será conforme a força do povo. e o povo está a levar no pelo, jorge, mesmo!neste preciso momento não há partidos para governarem. os que até agora governaram, enfim, nem comento. os que ainda não governaram perece que não se unem. ou é a esquerda ou isto vira ditadura outra vez. era só o que nos faltava!

vou-te deixar. tenho os tachos e panelas ao lume. deixo-te com o saramago. de certeza que teria sido um encontro fixe com este senhor! eu também teria tido muito prazer em conhecê-lo.
beijos e saudades jor! bela

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

força, força, força, todos os dias força! para voar mais alto




jorginho! cá estamos de novo!! mando-te umas fotos para saberes onde estou e o frio que passo.. embora a beleza seja indiscutível,  não há dúvidas que falta aqui o mar. sem mar, a coisa complica.. e uns grausitos a mais também.

mando-te também umas imagens que sei que gostavas, que sei que te importavas, que sei que te moviam.
e por ser 16, hoje vai haver manifs em portugal. esperemos que a aderência seja em cheio.
e por ser 16 estou contigo, falo contigo e lembro-me de cada momento que nem ao diabo lembra!
fazes falta jorge...
bela

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

vem-me à cabeça a suiça..

jorginho... ia pôr uma foto de donde estou - aqui em frança, courchevel - que me faz lembrar-te quando vivias na suiça. mas olha, fiquei logo fodida: já não posso partilhar fotos que tenho no meu pc. pelos vistos já não dá. e se fizer desde o meu tel, diz a mensagem que tenho que instalar uma aplicação para que as fotos que eu tenho deixem de ser minhas. pertencem ao google+. sabem que mais? uma ova!!! as fotos que eu faço são minhas!! e não quero compactuar com estas merdas. todos temos de abdicar de tudo: direitos sociais, liberdade de expressão, trabalho, família, cão e gato, amigos, fotos, merdas. são todos uns sanguesugas jorge! e eu sei muito bem o quão te irritava todo este sistema manipulador! eu sei. portanto não ponho foto coisa nenhuma.
imagina a suiça nos invernos que lá vivias. pois isto aqui está mais ou menos igual. tem a sua beleza, não há dúvida. mas também soube à pouco tempo pela tua/minha irmã laura que, para ajudares a uns portugas em dificuldades, deixavas a porta aberta da tua casa, para que quem não tivesse fartura, fosse a tua casa, cozinhasse o que tivesses no  teu frigorífico, arrumava tudo direitinho e ia-se embora. tudo nos conformes. era assim que a tua alma funcionava. mais para os outros do que para si. e isso fazia que sobejasse sempre mais para ti, né mano? mas sabes? isso não é para todos! é só para alguns. só para aqueles que nascem abençoados, que nascem sabendo que a coisa nunca será de mão beijada, mas de grande recompensa pelos actos altruistas que cada um vai vislumbrando ao subir as escadas desta vida.

será que um relvas, um passos, um sócrates ou miles deles espalhados por aí têm uma irmã, mãe, tia, prima, avó ou qualquer um que chore por eles? será que algum dia sonham em deixar a porta da casa deles aberta para que alguma alma necessitada possa entrar, cozinhar, arrumar e ir-se embora à sua vida? tenho as minhas dificuldades em imaginar uma coisa dessas. gente tão mal formada, tão mal nascida que continuam a germinar e semear o mau destino de muitos podem ter alguém a chorar por eles? será que lhes cai a ficha nulgum momento? faz-me logo pensar no filme magnólia, em que só na hora da morte a ficha cai. é possível.

deixa-me dizer-te que desde que partiste a coisa está preta. muito mais do que te podias imaginar quando cá estavas. muito mais preta vai ficar se não houver gente como tu, sem medo nenhum de semear a vontade de mudança, de contagiar os seus vizinhos, amigos, colegas e tudo que mexa para se parar com a apatia. jorge, precisamos de muitos jorges. precisamos de muita coragem para seguir enfrente e combater o sono que domina o país. o futebol dá sono. a escravatura dá sono e medo. o trabalho por meia dúzia de tostões dá muito medo de agir. o fado é o sono e o medo deste país que por acaso é o nosso.
manda energia. manda raiva. manda  um exército de luz que bombardeie e penalize a apatia e a desculpa para quem pensa qua não é nada com ele. manda uns relâmpagos para quem desgoverna e fumina-os de vez!  manda a justiça ser justiça, em vez de ser uma ferramenta do sistema.

jorge, fazes-me tanta falta! a mim e a muitos.
se cá estivesses, ia-te ver no dia 23, abriamos uma garrafa de um bom douro, se calhar cozinhavas umas coisinhas boas, convidavas meio mundo e delineavamos uma estratégia, né? seria assim, de certeza! é dessas certezas que  me descolhoaste ao partires assim sem mais. eu sei que não pediste para partir, mas eu tenho o direito de resmungar.

domingo, 6 de janeiro de 2013

ouvir nas entre linhas

lembro-me faz algum tempo de ter querido começar um diário de bordo. um pouco como um desabafo de sensações, experiências, rotinas e críticas de como sinto o meu dia a dia. lembro-me também de ter iniciado e ter enviado ao jorginho. ele respondeu.
começo o meu diário de 2013, relembrando essa primeira partilha mútua.
isabel canhola <isabelcanhola@gmail.com>
09/11/10



para previuseguros, jorgecanhola

Querido max, querido jorge!
Sei que já devia ter dado notícias faz algum tempo, mas o tempo voa e disponibilidade não é assim tanta para me sentar e escrever um pouco sobre o que me vai acontecendo pelas terras do norte. Vocês sabem que vos adoro e que o meu silêncio nada tem a ver com com os meus sentimentos. Até porque as coisas vão acontecendo tão rápido que nem sequer sei o que quero escrever de um momento para o outro.

Vou tentar fazer um pequeno diário de bordo, para que possam seguir um pouco a minha vida por estas bandas. Claro que não tenho muito jeito para a escrita. Prefiro mil vezes usar o telefone para comunicar, mas como não é assim tão fácil, tento pelo menos escrever aos amigos íntimos um pouco do que me vai acontecendo por aqui.
Chagando a Holanda fui muito bem recebida! A Vicky, minha conhecida em Portugal, fez questão de ter já um quarto pronto em sua casa para me receber!! No primeiro dia de chegada conheci uma amiga dela, fomos a sua casa e bebemos uns margueritta feitos por uma profissional! Muito simpático. Aliás, esta é uma característica de todos os holandeses, que ainda tinha memória dos tempos em que vivi aqui em 1975!! E depois ainda fomos a um bar na praia de Schreveningen, onde o vento fortíssimo me fez lembrar as nortadas do Norte, Marion, que viveu 25 anos no Brasil e um conhecimento perfeito de castelhano, fomos ver um filme argentino El secreto de sus ojos. Filme admirável, de um humor muito particular, que só os argentinos possuem!! Vale a pena ver.
que bom que os holandeses subtitulam os filmes, mantendo a originalidade e entonação própria. foi o que sempre apreciei em portugal. alíàs, penso que os portugueses têm mais facilidade de aprender idiomas em parte devido a essa característica, ao contrário de espanha ou outros países.

Dia seguinte, começa a marcha pela cidade!!
Levantei-me cedo, mentalizando-me que nesse mesmo dia conseguiria um job. Não sei em quantas agências eu entrei, só sei que passei 6 horas entre caminhar e tocar a portas, os pés fizeram-se notar..

A grande conclusão: Não fala holandês?? desculpe, não é possível.....
Enfim, coisas que passam.... Mas levei assim a minha primeira derrota!!
Comecei a pensar: Falo 5 idiomas, que faço eu num país onde não falo a língua???

Realmente os holandeses são fantásticos, super abertos e comunicativos! Disso nunca tive dúvida! Mas, pela primeira vez senti aquele desconforto, ao aperceber-me, que, sem saber falar o idioma, não iria a lado nenhum. Tão simples quanto isso.

Não tenho já problemas que me cheguem?? Preciso de mais um? Sou masoquista??
Claro que no dia anterior já tinha comprado uma bicicleta, claro que já tinha comprado um nr. telefone holandês... mas estava também claro que estava sofrer na pele a derrota eminente!
Tive a minha primeira depressão. Comecei a imaginar a minha vida a andar para trás e a sentir-me a mais fracassada do planeta e arredores.
Comecei a pensar na Lisa, na família, nos meus amigos, nas saudades, na cadela, e só queria estar com todos eles e esquecer este episódio!
Apetecia-me berrar bem alto para que todos ouvissem aquilo que penso há muito: que não acredito na política da EU, não acredito no sistema em que todos estamos involuntariamente envolvidos e que todos nós somos uns meros fantoches nas mãos de uns incompetentes, desgovernados e insensíveis!!
Fui para casa, com a chuva a bater-me na cara, pensando, insistindo que tudo se iria resolver!! Nunca baixes as armas, isabel! Never!

A vicky estava a trabalhar todo o dia e fiquei calada a pensar com os meus botões o que raio fazer com esta situação.

No dia seguinte o telefone toucou e era a Ulli Langenbrinck.. aquela amiga sempre presente, disponível e incondicional.. a dizer-me que tinha trabalho pelo menos para 2 dias por semana numa loja de roupa Second Hand, e uma entrevista para recepcionista num hotel!
antes de sair de portugal já tinha falado com todos os meus amigos que vivem noutros países. ela pôs-se logo em marcha, apesar de ter muito pouco tempo disponível e pelo facto de ela viver um pouco longe de colónia, dificultar mais as coisas.

Uf!!! A moral disparou e pensei: claro, alemanha, outra vez!!
A vicky ainda não tinha chegado, mas comecei a fazer de novo a mala e a ficar muito bem disposta! Yes!!! vi na net os horários de comboio e quano ela chegou dei-lhe a novidade!! Claro que ficou feliz por mim, mas também triste por partir. Mas a vida é mesmo assim.... O bom disto tudo é que levamos sempre todos no nosso coração! E não pesam. Muito pelo contrário, dão-nos muita força!!Ainda tive tempo de ir à loja das bicicletas dizer ao senhor que afinal me iria embora, e ele com um grande sorriso, devolveu-me o dinheiro, desejando-me muita sorte!! yes!!!!

Passado uma hora já me encontrava no comboio em direcção a Oberhausen na Alemanha. 3 horas e meia foram o suficiente para conversar com um senhor turco, refugiado político, que me ajudou SEMPRE com a minha mala super pesada nos 3 transbordos que tivemos que fazer! Enfim, sem comentários! Quem pode desistir do ser humano!
Fui recebida sem palavras para o expressar, pela Ulli e seu filho, yoyo ( jonathan). O jantar já estava quase pronto quando cheguei, a garrafa de vinho a respirar e as boas vindas foram daquelas: ficas o tempo que quiseres ficar!!! não te tens que preocupar com nada! grande amiga e solidária!
Melhor que isto, só na farmácia, como diz o outro!

O jantar foi muito animado e com muitas perguntas e respostas.
A Ulli é uma mulher fantástica, muito inteligente, lutadora, fala português e castelhano na perfeição e é jornalista. Escreveu muitos artigos/livros sobre portugal, cuba, fez programas de rádio na alemanha sobre a música e cultura portuguesa, enfim, uma mulher com uma bagagem cultural surpreendente e admirável.
Conheço a Ulli (não sei bem precisar) há uns 20 anos e sempre ficamos em contacto.
Quando a nossa mãe faleceu, foi uma das pessoas onde eu me refugiei por uns dias, quando me ausentei de portugal para ver se me encontrava de volta. Foi ela, a Eli em hamburgo e a maike.

Segunda feira, tive a minha entrevista com a Kattta, das Lojas de roupa. è uma grande amiga da Ulli, que eu também já tinha conhecido alguma vez faz alguns anos. Começo no sábado. Tem um senão: trabalho 2 dias por semana e fica a 3 quartos de hora de comboio, o que significa que pago diariamente 30 euros de transporte!! Bom, mas não vou deixar esta oportunidade.. A ver vamos....

Quando saí de portugal disse-me a mim própria que me dava uma semana para encontrar trabalho. Parace que consegui! Pode não ser o melhor do mundo, mas estou no caminho certo!

Hoje tenho a entrevista no Hotel. Fica a 10 min de comboio de Oberhausen e é um conhecido da Ulli. Essa pode ser a minha grande chance. O posto é recepção no hotel. Despois conto como foi. Entretanto já estive a ver outros jobs pela zona na net... para contactar!

Espero não vos chatear com tanto paleio...

Meus queridos, vamos estando em contacto. Espero que esteja tudo bem com voçês!!

Quem sabe vêmo-nos em breve em Cologne!!!!!

Max, dá beijinhos à canalha toda!! Se falares com a Catarina e com a Ana Isabel, diz-lhes que tentei falar com elas mas não consegui, com muita pena minha.
Jorge, caralho, fica bem. Como estão a correr as coisas por aí? Dá notícias. Dá beijos à Kerstin e à Sabine!!!!.
Quando tiver o nr alemão, vou ligar ao Jorge daqui de colónia.

Depois passo o meu novo nr de tel da alemanha e a morada, quando souber mais concretamente o que se vai passar nos próximos tempos!!
Beijos, Beijos, Beijos!!!!!!
Dêm-me notícias como as coisas rolam por ai!
Jorge Canhola <jorgecanhola@hotmail.com>
10/11/10



para mim

Olá Bela, como vai hoje a nossa Vasco da Gama?
Se estavas a pensar em fazer um diário de bordo, pois eu também, daí parece que vem mesmo a calhar que nos continuemos a comunicar, nem que seja como os putos que saiem pela primeira vez do país, ou que recebemos noticias do estrangeiro, em que tudo nos pareça novo, mas que no fundo, tudo nos pareça familiar, as dificuldades sejam as esperadas, ainda que que possamos ficar admirados pelo que nos está a acontecer, mas tudo faz parte do guião, e levando esse mesmo guião até ao fim, estou convencido que é um daqueles filmes que só pode ter um final feliz. Evidentemente. Forçosamente.
A vida aqui no barco vai de mal a pior, a clientela cada vez é menos, e lógicamente, para desespero da madame Sissi, os prejuizos, daí eu ter dúvidas que o barco sobreviva depois do natal, até porque no dia 19 de dezembro vou de férias para Buenos Aires e não vejo a gaja fazer qualquer coisa para garantir que o funcionamento do barco tenha continuidade, mas a ver vamos.
Quanto ao meu diploma de cozinheiro, que como sabemos foi homologado mas não promologado, isto é, é legalmente pago mas não é reconhecido, para já, alguma coisa vai mexendo, fui, entre outros departamentos, novamente à escola de turismo, em que referi que o avaliador externo foi um chefe da propria escola, o chefe Delfim, e que por isso não estava a entender a palhaçada, e surpeendidos pelo facto de a propria escola, de alguma maneira estar ao corrente dos cursos, lá ficaram com a minha identificação e que, talvez, até ao natal me dirão qualquer coisa.
É uma merda mas pelo menos é esperançador. Puta que os pariu.
Esse filme Os segredos dos teus olhos, também o vi e é um filme espectacular, e tem uns actorazos.
Bom, continuemos as nossas respectivas aventuras, que outra não nos resta e ao final, e de certeza vai dar matéria para, mais tarde, falar e beber umas cervejitas.
Sempre prá frente, nunca pra trás. (Erich Honecker, estranhamente)
Não te mando os 5 contos porque já estava a carta fechada. (prov. alentejano)
jorge
este foi o último dia que "falei"com o jorginho. depois disso foi para buenos aires com a sua mulher. tinha sim agendado um dia no skype que seria a 9.12, mas ele não estava online. seria para termos a despedida dele antes de ir para a argentina. mas essas marcações com o jorge falhavam muitas vezes. não por mal, mas é que a vida do jorge tinha sempre muitos imprevistos todos os dias: ou encontrava alguém e perdia-se na conversa, ou lembrava-se que era esse o dia para não adiar algo que lhe veio à cabeça, enfim,, sempre razões para adiar um telefonema ou um encontro no skype. penso que foi isso que aconteceu.
o facto é que tenho muitas saudades dele. cada vez mais precisava de um grande desabafo. e ele era um bom ouvinte. sabia ler as palavras e o silêncio entre elas. e com essas ferramentas ele podia levantar um morto. poucos sabem fazer isso. cada vez aprecio o silêncio entre as palavras para melhor entender a razão das coisas, a razão das certezas, dos medos, das dúvidas e dos bloqueios. esse silêncio nunca é em vão. quando não há silêncio, é quase sempre fruto de medos, de não querer se ouvir para se protejer. todos nós passamos por isso. faz parte do crescimento de cada um.
agora já lá vão 2 anos desde a sua partida. nunca mais escrevi o tão pensado e desejado diário de bordo. teria sido um diário interessante pois seria um a dois. seria de rir, tenho a certeza. no meio de todas as tragédias que pudessem ser relatadas, tenho a certeza que o humor - negro ou não - estaria sempre presente, nem que fosse com uma anedota inventada à là minute do jorge. eu não. sempre fui mais séria do que ele. nunca soube fazer uma anedota no momento, nem nunca soube fazer rir muita gente. ele tinha algo de mágico. sem dúvida.
hoje é um dia como outro qualquer, em courchevel, em que a saudade é intensa e o silêncio a ti te pertence. bela